Mesmo com algumas mazelas que não deixam pisar o chão ou mesmo endireitar o corpo sem sentir dor, com dores que mais parecem de velhice, decide por trocar uma farda de gente séria, preocupada com a vida e com o trabalho por outra.
Uma outra farda, uma fatiota de "super-herói", uma que permite a criação de algo novo. De fato vestido corre pelo espaço, agora já com areia nos pés, aquecendo o que parece ser um renovado corpo, sem dor alguma, reconstruído...
E tal qual ser renovado, pleno de novos e deslumbrantes poderes irrompe pela água. Rasgando no meio líquido, cada vez mais imerso neste ambiente fantástico, à meia-luz, como num cenário mágico em que tudo se torna em câmara lenta e se conseguem vislumbrar os mais ínfimos pormenores.
Num arranque poderoso o seu veículo arranca, poderoso, silencioso a não ser pelo som do deslizar na água. E ergue-se agora este "super-heroi", renovado, cheio de si mesmo e de nada, contemplando o vazio da efemeridade de uma acção, fundindo-se com o meio e transformando-se ele próprio na onda que agora rasga, transmutando-se, imortalizando os instantes e libertando-os logo de seguida...
Com o desaparecer dos últimos raios de sol também este ser se despede do mar. Trocando o fato pelas roupagens mundanas, consciente do término de mais um épico, ruma pelo areal acima, despedindo-se até uma próxima. Com o regresso à realidade mundana voltam as dores, as preocupações, a fome... mas já não é o mesmo ser que quando entrou dentro de água... é um pouco diferente.
terça-feira, 5 de abril de 2011
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